Ratazanas são flagradas predando morcegos na Alemanha

Pesquisadores alemães documentaram, pela primeira vez, um comportamento de predação inédito: ratazanas (Rattus norvegicus), ou ratos-marrons, capturando e matando morcegos em seus locais de hibernação urbanos. O estudo, conduzido entre 2020 e 2024, revela uma ameaça significativa para a conservação das populações de morcegos e levanta alarmes sobre a saúde pública.

O feito foi descrito em um artigo publicado no último dia 10 de outubro na revista científica Global Ecology and Conservation.

A equipe do Museu de História Natural de Berlim utilizou uma combinação de câmeras infravermelhas e sensores térmicos para monitorar a atividade dos roedores nas cidades de Segeberg e Lüneburg-Kalkberg, no norte da Alemanha. Os equipamentos, instalados em grutas e formações rochosas usadas como hibernáculos, registraram cenas de caça surpreendentes.

As ratazanas foram observadas se equilibrando com a cauda para capturar morcegos em pleno voo, matando-os com uma única mordida, ou atacando as presas enquanto estavam deitadas à espera. A predação se concentrou em indivíduos em situação de vulnerabilidade, como aqueles que saíam dos hibernáculos ou ainda estavam hibernando.

Estudo mostra comportamento inédito de roedores atacando animais em hibernação e alerta para riscos à biodiversidade e à saúde pública​. Foto: Foto: Reprodução/via O globo

Os dados coletados em apenas cinco semanas de observação em Segeberg são preocupantes. Os pesquisadores registraram 13 mortes de morcegos e encontraram um abrigo contendo 52 carcaças.

A estimativa dos cientistas aponta que, em um único inverno, os roedores podem ser responsáveis pela morte de até 7% dos aproximadamente 30 mil morcegos que utilizam o local.

"Nossas descobertas demonstram que ambientes urbanos podem replicar dinâmicas ecológicas semelhantes às das ilhas, com roedores invasores explorando altas densidades de morcegos durante estágios críticos da vida, como enxameação e hibernação", afirmam os autores do estudo.

Esse novo comportamento predatório representa uma séria ameaça à conservação das espécies de morcegos e pode afetar seu crescimento populacional a longo prazo.

Além do impacto ambiental, os pesquisadores alertam para a potencial crise de saúde pública gerada por essa interação. Tanto morcegos quanto ratos são conhecidos por serem portadores de diversos agentes patogênicos, incluindo vírus como o da raiva, Ébola e Covid-19.

Embora o estudo não tenha focado na transmissão de doenças, os autores enfatizam que o contato predatório aumenta a probabilidade de circulação de vírus entre as espécies e, consequentemente, o risco de transmissão para humanos.

Diante das descobertas, o grupo de pesquisa recomenda a implementação urgente de medidas de manejo para controlar as populações de roedores nos abrigos de morcegos, aliando a conservação da fauna com a prevenção sanitária.

"O manejo de roedores invasores em importantes locais de hibernação de morcegos apoia a conservação da biodiversidade e reduz potenciais impactos à saúde pública como parte de uma estratégia de saúde única", destacam os pesquisadores.

Fonte: oglobo.globo.com

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem