As Práticas Integrativas e Complementares (PICs), frequentemente chamadas de "medicina alternativa", geram um intenso e complexo debate. De um lado, temos a medicina convencional, que preza pelo rigor científico e pelo ceticismo em relação a métodos sem comprovação robusta. Do outro, há uma crescente aceitação de algumas PICs e a busca por abordagens mais holísticas na saúde.
O ponto de vista da medicina convencional
Historicamente, conselhos de medicina como o Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR) têm sido bem claros. Em 2006, eles afirmaram que "só existe um tipo de medicina: a clássica, baseada em pesquisas, testada mundialmente e praticada por profissionais que cursaram mais de seis anos a faculdade de Medicina".
Essa visão é reforçada pela Resolução 2.327/2022 do Conselho Federal de Medicina (CFM), que proíbe médicos de usar métodos não aprovados pelo conselho. As críticas se aprofundam quando certas PICs se baseiam em teorias que contradizem o conhecimento científico sobre o corpo humano ou quando suas explicações para supostos efeitos são sobrenaturais.
Além disso, uma publicação do Academia Lab aponta que o setor de "medicina alternativa" é uma indústria altamente lucrativa, com forte lobby e regulamentação muito menos rigorosa sobre tratamentos não comprovados. Muitos dos resultados positivos observados nessas práticas podem ser atribuídos ao efeito placebo (a crença de que o tratamento funcionará) ou ao curso natural da doença, que se resolveria sem intervenção.
A perspectiva das PICs e seu reconhecimento no Brasil
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O governo reconhece essas praticas e as oferece pelo SUS. Foto: Ilustração/Freepik (macrovetor) |
O embasamento científico: Variedade de evidências
O embasamento científico das PICs é um tópico complexo e bastante debatido, já que a evidência varia consideravelmente entre as diferentes terapias.
- A acupuntura é uma das mais estudadas, com diversas pesquisas comprovando seus efeitos no alívio de dores crônicas, náuseas e vômitos (especialmente em quimioterapia) e ansiedade. Embora o mecanismo de ação exato ainda seja investigado, seus resultados clínicos são inegáveis em muitos casos.
- A fitoterapia utiliza misturas de plantas com compostos ativos cientificamente comprovados para produzir remédios. A eficácia de muitos fitoterápicos é reconhecida e utilizada tanto na medicina convencional quanto nas PICs.
No entanto, há outras práticas com pouca ou nenhuma comprovação científica robusta:
- A cromoterapia, que usa cores para equilibrar energias, carece de evidências científicas sólidas. Embora estudos em neurociência mostrem que a exposição à luz e cores pode afetar ritmos circadianos, humor e sono, uma clínica médica especializada em exames de imagem ressalta que "muitas alegações da cromoterapia não foram totalmente validadas por estudos científicos rigorosos".
- A homeopatia é uma das mais controversas. Um estudo de 2015, encomendado pelo governo australiano e noticiado pela BBC Brasil, concluiu que "não há nenhuma condição de saúde para a qual há evidência confiável de que a homeopatia é efetiva". O estudo alerta que "a homeopatia não deve ser usada para tratar qualquer condição de saúde que seja crônica, séria ou possa se agravar", pois "pessoas que escolhem a homeopatia podem colocar a saúde em risco se rejeitarem ou atrasarem tratamentos para os quais há boa evidência de segurança e efetividade".
Tomando decisões conscientes
A eficácia das Práticas Integrativas e Complementares varia significativamente de caso a caso e de prática para prática. Diante desse cenário complexo, a decisão de utilizá-las deve ser tomada com cautela e baseada em informação.
Se você está pensando em incorporar uma PIC ao seu tratamento, é fundamental consultar um médico convencional primeiramente. Além disso, pesquise profundamente sobre a real eficácia do método que você pretende usar e procure sempre um profissional qualificado, com boas instalações e conhecimento comprovado na prática escolhida. Sua saúde é a prioridade.
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