De cinzas a corais: O legado subaquático que revive nossos oceanos

Em seu primeiro teste com 24 recifes atraíram 59 espécies diferentes. Foto: Divulgação/via Um só Planeta

Assim como a mítica fênix que ressurge das cinzas, os oceanos, atualmente degradados pela ação humana, podem encontrar um novo começo. Mas, dessa vez, esse renascimento pode vir das nossas próprias cinzas. Uma reportagem do site Um só Planeta destaca a inovadora proposta da startup britânica Resting Reef, que está revitalizando o setor funerário com uma ideia singular: transformar cinzas humanas em recifes artificiais submersos.

A Resting Reef oferece um tipo diferente de memorial. As cinzas são combinadas com conchas de ostras moídas e concreto, moldadas em estruturas de recife que promovem ativamente a vida marinha. Aura Pérez, uma das fundadoras, explica a filosofia por trás da iniciativa: "Cemitérios devem nos reconectar com a natureza e nos lembrar que somos parte de um ecossistema maior."

O processo utiliza a aquamação, uma alternativa à cremação tradicional que emprega soluções alcalinas. O material resultante é impresso em 3D, criando diversas formas com texturas e túneis que servem de abrigo para várias espécies marinhas. Uma vez prontos, os recifes são instalados a cerca de 10 metros de profundidade, contribuindo para a regeneração da biodiversidade, a filtragem da água e a prevenção da erosão costeira. Cada estrutura tem o potencial de capturar até 2,2 milhões de quilos de dióxido de carbono em três anos.

Dos animais de estimação aos humanos

A iniciativa da Resting Reef começou em Bali, no ano passado, com a criação de 24 recifes usando cinzas de animais de estimação. O sucesso foi tão notável que a empresa agora está expandindo para incluir cinzas humanas. "O setor funerário precisa mudar", afirma Pérez, "queremos transformar a indústria da morte em uma que promova a vida e o crescimento."

Os resultados em Bali são impressionantes: áreas com os recifes de coral abrigam 12 vezes mais vida marinha do que locais sem eles, atraindo 59 espécies diferentes. O objetivo da empresa vai além de oferecer uma despedida digna; busca-se um legado que, literalmente, "dá nova vida aos oceanos". 

Agora, a empresa está em processo de licenciamento para instalar recifes artificiais no Plymouth Breakwater, localizado no sul da Inglaterra.

Reconhecimento e Premiações

Essa proposta ambientalmente consciente já conquistou reconhecimento internacional. A Resting Reef foi vencedora do Terra Carta Design Lab, uma competição criada pelo Rei Charles III e pelo designer Jony Ive, além de ter recebido uma bolsa da Innovate UK. As fundadoras também foram incluídas na prestigiada lista da Forbes 30 Under 30 na categoria de impacto social.

Essa inovação oferece uma nova perspectiva sobre a vida e a morte, unindo a memória de entes queridos com a vitalidade dos nossos oceanos.

Fonte: umsoplaneta.globo.com

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