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Pesquisa indica que tecnologia, economia e isolamento social podem estar por trás da crise de felicidade entre jovens adultos.Foto: Ilustraçõ/giphy/giphystudios2016 |
Historicamente, a felicidade das pessoas ao longo da vida seguia um padrão em forma de "U": começava alta na juventude, caía na meia-idade, chegando ao seu ponto mais baixo entre os 40 e 50 anos, e voltava a subir na velhice. No entanto, um novo relatório do National Bureau of Economic Research (NBER), um dos principais centros de pesquisa econômica do mundo, revela que esse ciclo foi quebrado.
Inversão de papéis na felicidade
O estudo, que analisou 11 pesquisas em seis países de língua inglesa (EUA, Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Irlanda), descobriu que, desde 2010, os jovens adultos (até 25 anos) se tornaram o grupo etário mais insatisfeito com a vida. Enquanto a satisfação dos jovens tem diminuído de forma constante, a felicidade dos mais velhos se manteve estável ou até aumentou.
Essa mudança sugere que a "crise da meia-idade" foi substituída por uma "crise da juventude". Em todos os países analisados, a felicidade agora parece subir linearmente com a idade: quanto mais velho, maior a satisfação.
Fatores por trás da queda
O relatório aponta diversos fatores para essa tendência, destacando o papel da tecnologia e da economia.
- Impacto das Redes Sociais: A queda no bem-estar dos jovens coincide com o aumento do uso de smartphones e redes sociais, que começou por volta de 2012. A substituição da interação social presencial pelo contato digital pode ser um fator-chave na diminuição da felicidade;
- Instabilidade Econômica: A sucessão de crises, como a recessão de 2008, a pandemia de Covid-19 e a inflação pós-pandemia, afetou diretamente a segurança financeira dos jovens. A dificuldade de comprar uma casa, a insegurança no mercado de trabalho e o aumento da desigualdade de renda dificultam a conquista de marcos tradicionais de independência;
- Consequências Psicológicas: O estudo aponta para um aumento nos diagnósticos de depressão e ansiedade entre os jovens. No Reino Unido, por exemplo, a proporção de adolescentes com sintomas de ansiedade ou depressão aumentou mais de 50% na última década.
Embora a pandemia tenha intensificado essa tendência, os pesquisadores notam que as mudanças no bem-estar dos jovens já estavam em curso antes de 2020.
O futuro da felicidade
Diante desses dados, uma grande questão paira no ar: a insatisfação dos jovens de hoje os acompanhará pela vida adulta, ou eles atingirão níveis mais altos de felicidade no futuro, como as gerações anteriores? O estudo conclui que são necessárias mais pesquisas para entender as razões por trás desse fenômeno e o que pode ser feito a respeito.
Fonte: exame.com
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